Este material foi desenvolvido pela Sabrina Mendes, mestre em Estudos Internacionais pela Sorbonne Paris III, responsável pela inteligência de mercado internacional do Projeto Setorial Softex/Apex-Brasil.

Um desafio enfrentado pela maioria dos empreendedores brasileiros que tentam ir além-fronteiras é sua condição de pequena empresa, ou seja, equipe demasiada enxuta para dedicar tempo ao mercado externo. Em uma recente pesquisa junto a 260 empresas em processo de expansão internacional do Projeto Setorial Softex/Apex-Brasil, cerca de 65% indicaram que a internacionalização da empresa é visão compartilhada por todos os principais acionistas e executivos. Porém, quando questionados se a empresa tem dirigentes dedicados aos negócios internacionais, cerca de 60% afirmaram não ter ninguém responsável pela função. 

Mas no caso do setor de TI, tal questão organizacional não deveria impor uma barreira impossível de se superar no processo de expansão internacional. Salientamos que independente do porte e do sucesso no Brasil, a empresa costuma ser tida como nascente ou inexperiente no mercado externo. Além disso, temos acompanhado a criatividade com que as empresas de TI, principalmente as startups, têm respondido às necessidades do mercado mesmo diante da escassez de recursos.

Por meio das metodologias ágeis, essas empresas têm testado e validado hipóteses em ciclos mais rápidos de desenho-desenvolvimento-teste. Elas têm buscado aumentar a taxa de sucesso de projetos não apenas sob a perspectiva de entrega da solução num tempo e custo reduzidos, mas também sob a ótica de criação de valor para o cliente. Além do agile, o modelo lean (enxuto) também tem sido amplamente considerado no setor. Sendo que, enquanto o agile é uma abordagem mais clara e tangível para as equipes de desenvolvimento de software, o pensamento lean, por outro lado, apela mais para o universo dos negócios.

Nesse sentido, as empresas de TI que adotam um mindset lean e agile em seu cotidiano podem usar desse know how para se internacionalizar por meio de atalhos e soluções de baixo custo. Entenda como:

  1. Tenha em mente que o primeiro a ir global não é a empresa, mas sim o empreendedor. Por isso, treine teu pitch em outros idiomas, leia artigos internacionais como os do Gartner e esteja em constante contato com estrangeiros. Eventos do Internations e Couchsurfing são muito bons para isso;
  2. A empresa pode avaliar seu potencial de internacionalização por meio de uma ferramenta de diagnóstico disponibilizada pela Softex/Apex-Brasil;
  3. Com base nesse primeiro diagnóstico, é possível começar a modelar em equipe o Canvas voltado para negócios internacionais. Tal brainstorming pode trazer à tona um time auto organizado, com talentos para assumir os papéis de scrum master, product owner e desenvolvedores de internacionalização;
  4. No começo não é necessário ser, basta parecer global. Acesse e divulgue a empresa em plataformas e eventos online internacionais. O Pocket Guide TI traz diversas dessas plataformas, como Connect Americas e Entreprise Europe Network ;
  5. Busque fornecedores de leads e agências de mkt direto no mercado destino. Com um escritório virtual, você pode ter até endereço e telefone no exterior pagando-se muito pouco;
  6. Comunique-se. Conte para clientes e fornecedores que sua empresa é uma born global ou está expandindo fronteiras. Muitos negócios são levados para o exterior por meio de grandes players instalados no Brasil;
  7. Se relacione com outros empreendedores internacionalizados via eventos e associações locais. Você aprenderá com os erros e acertos deles, além de fazer networking com um grupo mais maduro de empresas;
  8. Teste e valide hipóteses junto a parceiros e especialistas no Brasil e no exterior. Num webinar, coaching online, workshop ou missão empresarial subsidiada por agências de fomento decida em dias o que você levaria meses para definir em sua estratégia go global. Afinal, a descoberta se um mercado é ou não aderente à solução da empresa deve ser feita o mais rápido possível e a baixos custos.

Diante de tantas possibilidades voltadas para a internacionalização, temos que concordar com Carlos Alberto Jayme, CEO da Cinq, quando ele afirma que o mundo oferece muitas oportunidades e desafios, bastando vontade e paixão aos corajosos empreendedores que quiserem desbravá-lo. Você também pode permitir que sua startup, com o gene do lean e agile que existe nela, comece hoje mesmo a ir global.

Para ler o case da Cinq na íntegra e acessar outras informações práticas e viáveis de go global, acesse o Pocket Guide TI, voltado para empresas do setor de TI que tem como mantra o fail fast, learn fast, fix fast.